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Bela revela invejinha masculina por sucesso no rali e põe a filha à bordo

UOL Esporte

24/01/2014 06h00


Bela com rótulo de musa, bem resolvida, independente, com sucesso profissional e bons resultados em um mundo totalmente masculino. Se quer saber a receita, questione a advogada Helena Soares. Mas ela já adianta que essa vida não é nada fácil. Há inveja e burburinho. Mas nada que tire a adrenalina da vitória.

Ela começou em 2006 como navegadora dos carros e tomou gosto. Em 2010, passou a pilotar os carros de rali. Levou um tempo para emplacar, mas no ano passado já fez frente aos tops no campeonato brasileiro e terminou na terceira colocação. É a única mulher que fez parte do torneio. No tradicional Rali dos Sertões, ficou na quinta colocação.

Helena diz que o fato de deixar o papel de alguém que ajudava a popularizar o esporte no país por meio de ser beleza para conseguir bons resultados despertou um sentimento de incômodo nos homens, que passaram, de certa forma, a diminuir o seus feitos.

Além disso, desperta certos ciúmes por conseguir captar recursos graças ao marketing feito por ser mulher. Sentiu que toda a simpatia que antes cativava em todos passou a cair um pouco.

"Antes eu era meio café com leite. Mas do ano passado pra cá, incomoda (os homens). Incomoda os homens perderem para uma mulher. Hoje vejo que não tem mais a Heleninha amiguinha; é porrada mesmo. E a pressão é maior porque ninguém quer ser motivo de piada. E em todas as provas do ano passado eu subi ao pódio.  E quem ficava pra trás falava que foi porque teve problemas, porque o navegador errou…ninguém assume que perdeu de uma mulher", falou a musa do rali em entrevista ao UOL Esporte.

"Outro preconceito que eu sinto é que sou um caso raro de conseguir me manter correndo com 100% dos patrocínios. Isso é uma exceção no nosso meio. Gera um certo preconceito, aí falam que tenho patrocinador porque sou bonita, sempre rola um ladinho maldoso. Mas eu me cobro muito. Sou uma profissional que quero retorno não só de mídia, mas também resultado no esporte para justificar tudo a quem me apoia", continuou.

Helena chegou a liderar o Brasileiro de rali e perdeu a competição por algumas desclassificações. Agora, planeja voos mais altos, como competir na edição de 2015 do tradicional Rali Dakar e um outro projeto que sairá do papel em 2014: correr ao lado da filha Maiara, de 16 anos. A jovem será a navegadora da mãe no Rali dos Sertões, no segundo semestre.

"O ano de 2012 foi um divisor de águas. Percebi que poderia ser competitiva. E em 2013 foi ótimo em relação a resultados, me deu segurança. Agora planejo um 2014 mais competitivo, com equipamento melhor. Quero participar do Rali Dakar em 2015 e minha filha vai correr comigo, como navegadora, no Rali dos Sertões. Será a primeira dupla feminina mãe e filha", falou, orgulhosa.

Helena tem um total de três filhos. Os outros dois, homens, também têm a velocidade nas veias. João Vitor, de 13 anos, já pratica o kart. E o irmão Luis Vinicius, de dez, também já engatinha nas pistas. Mas Maiara, a primeira que terá o privilégio de competir com a mãe, foi a mais difícil de convencer a encarar o mundo das pistas.

"Ela sempre foi quieta e não se interessava muito. Aí falou uma vez que queria ir um dia ver como é que é. Ela ficou de fora acompanhando tudo. E falou que queria participar e correr. Ela ainda vai começar a treinar pra fazermos dupla em agosto. Teremos tempo para treiná-la", explicou.

A filha diz que vai começar a treinar navegação nos próximos meses e que a chance de competir juntas ajudará na relação. Mas já se adianta e diz que não sabe se vai querer seguir a carreira.

"Uma vez fui de acompanhante numa competição e gostei bastante. Foi uma adrenalina totalmente diferente. Vai ser bom pra termos mais tempos juntas. Mas quero fazer essas etapas (do Rali dos Sertões) pra ver como vai ser e sentir se vou gostar de verdade ou não. Eu pretendo fazer vestibular pra educação física. Não sei se gostaria disso como profissão, mas talvez como hobby", disse Maiara.

Apesar do prazer de estar junto da filha em um momento de adrenalina e em seu "escritório", a musa do rali destaca que aumenta sua responsabilidade no volante por ter ao lado como navegadora alguém que tanto ama.

"Eu tenho certeza que vou me cobrar mais. Tive navegadores experientes., e qualquer pessoa que está do meu lado, me sinto responsável por sua integridade física. É um esporte de risco, e o fato de ela sentar do meu lado vai gerar cobrança e cuidado e maiores. Mas eu me sinto pronta. Hoje tenho coragem e sinto preparada."

José Ricardo Leite
Do UOL, em São Paulo

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