Verdade ou mentira? A história do homem que diz ser o Grande Dragão Branco

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Em 2018, o filme "O Grande Dragão Branco" vai completar 30 anos. E continua conquistando fãs de todas as idades. Foi o primeiro sucesso do astro Jean-Claude Van Damme. Ele interpretou Frank Dux, um militar norte-americano que compete no Kumite, um torneio clandestino de artes marciais em Hong Kong. Uma história baseada em fatos reais… Ou não?

Antes dos créditos, aparece um texto dizendo que a história é verídica. Frank Dux realmente teria sido o primeiro ocidental campeão do Kumite, batendo todos os recordes possíveis. Só que, meses depois do lançamento do filme, o jornal LA Times publicou uma reportagem que desmentiu tudo.

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O jornal foi atrás dos registros no exército e chegou à conclusão de que ele nunca esteve na Ásia. A reportagem não encontrou indícios de que o Kumite tenha existido, muito menos de Frank Dux tenha sido o campeão absoluto com 56 nocautes consecutivos entre 1975 e 1980, como afirma. Ainda mostrou um recibo indicando que um dos troféus exibidos por ele foi comprado em uma loja de penhores.

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A reportagem é de 1988, mas Frank Dux contesta o jornal até hoje. Ele escreve para um portal de notícias de Buffalo, nos Estados Unidos, e frequentemente publica artigos em que defende a veracidade dos seus feitos. Ele até achou o registro de que o seu mestre Senzo Tanaka, que o LA Times afirmou nunca ter existido, realmente viveu na Califórnia até 1975. Resta saber se era o mesmo Senzo Tanaka que é retratado no filme como o mentor do protagonista.

Além de colunista, ele também se apresenta como "lenda das artes marciais, professor, autor, coreógrafo de lutas, roteirista, consultor, conselheiro de segurança, militar de elite e detentor de 16 recordes de artes marciais". Três dos supostos recordes estão documentados neste vídeo que mostra uma série de garrafas quebradas a chutes e socos durante uma exibição na França:

Verdade mesmo é que ele participou, sim, da produção do filme "O Grande Dragão Branco". Além de inspirar a história, ele fez as coreografias das lutas e ajudou até a desenvolver o figurino. Segundo ele, não houve nenhum dublê – cada um dos atores teve seus movimentos treinados pelo verdadeiro Frank Dux.

O próprio Van Damme, segundo ele, era melhor artista que lutador. Ele diz ter sido o responsável por ensiná-lo a lutar nos filmes. Dux contou ao site Buzzfeed que, certo dia, após um discussão, ele pediu para Jean-Claude encontrá-lo no terraço do hotel: "Vou mostrar quem é o campeão". Disse ter subido em uma mureta com menos de 40 cm de largura, a 60 andares de altura do chão, e chamado o ator para a briga ali mesmo. Deu um chute rodado no ar, caiu de pé e encarou Van Damme de cima. "Eu podia sentir o coração dele saindo pela boca. Ele disse 'Frank, você e louco'. Depois disso, nunca mais ergueu a voz para mim. Nem quando o levei ao tribunal".

Frank Dux, à direita, orienta atores no set de filmagem (Reprodução)

Sim, Frank Dux processou Jean-Claude Van Damme. Foi por causa do filme "Desafio Mortal", de 1996, dirigido e estrelado pelo ator. Dux participou do roteiro e alegou que Van Damme descumpriu um contrato verbal entre eles, na parte que dizia respeito à divisão de lucros. No fim, Van Damme acabou vencendo o processo.

Entre tantas histórias bem ou mal contadas por Frank Dux está a da cena mais famosa de "O Grande Dragão Branco", em que o vilão cega o mocinho com um pó branco durante a luta decisiva. Ele jura que é verdade. "Realmente aconteceu comigo. Quando você está numa situação desesperadora como aquela, o treino fala mais alto e é preciso atingir o nirvana para poder voltar à luta".

Van Damme na cena mais famosa do filme (Reprodução)

Frank Dux pode até não ser o patrono das artes marciais, como ele afirma. Mas ninguém nega que ele é um grande contador de histórias. Mesmo com todas as controvérsias, sua fanpage no Facebook tem mais de 5 mil seguidores. Não chega a ser tanto, é verdade; bem menos do que os fãs do mundo inteiro que se inspiram em seu personagem, sem questionar se é verdade ou mentira.

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