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Fotógrafo expulso do Palmeiras publica mea-culpa no Facebook

UOL Esporte

20/01/2011 23h33

Na última quarta-feira, o fotógrafo Thiago Vieira foi agredido e expulso do Palmeiras durante a eleição para presidente do clube por conta de declarações feitas em sua conta no Twitter. A argumentação dos diretores e conselheiros foi que o profissional não poderia ter ofendido o Palmeiras estando dentro do Centro de Treinamento do clube.

Nesta quinta-feira, o Thiago Vieira publicou sua versão dos fatos e suas justificativas em seu perfil no Facebook. Leia a argumentação do fotógrafo:

Sobre o ocorrido

Lamentável. Lamentável a minha atitude, irresponsável, em uma rede social, onde uma vez publicado algo é impossível de se controlar tanto o entendimento de tal publicação quanto a velocidade com que se propaga e público que será atingido. Fui, sim, irresponsável como jornalista, assim como tantos outros jornalistas que fizeram as mesmas alusões que eu, mas que talvez não tenham sido "retwittados", ou tiveram a sorte de apenas não terem sido vistos.

Pela minha irresponsabilidade de publicar referência irônicas, que foram mau interpretadas por torcedores e dirigentes do Palmeiras, ao livro "A Revolução dos Bichos", de George Orwel, publicado em 1945, eu lamento, peço desculpas.

Todas as críticas que a torcida do Palmeiras faz aos seus dirigentes estão descritas, guardadas as devidas proporções, no livro. Críticas estas que eu só tive conhecimento durante o evento, pois, ao contrário do que se tomou como verdade, eu não me interesso por futebol e aqueles que me conhecem sabem muito bem disso. Nem mesmo camiseta de clube de futebol eu tenho. Mesmo profissionalmente, não tenho contato e não gosto de cumprir pautas para as editorias de esportes pelos jornais em que passei.

No livro, os animais, cansados dos desmandos do proprietário da granja, tomam o poder do mundo que conhecem como Granja Solar, sob as bandeiras de igualdade, união e dignidade. Em algum tempo, o livro relata como os porcos, que inicialmente eram responsáveis pela organização e resolução de problemas, vão se tornando ditadores e cada vez mais parecidos com o proprietário da Granja, passam a se vestir, beber uísque, fumar, andar sobre duas pernas e ao fim do livro, se parecem tanto com as pessoas que expulsaram da Granja que, em uma reunião entre os fazendeiros da região e os atuais donos da Granja Solar que terminara em confusão, os demais animais da fazenda simplesmente não sabiam identificar quem era o quê.

"As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco."

Pena que nem torcedores, nem dirigentes e nem jornalistas presentes entenderam a referência ao citado livro. Fui defendido pelos jornalistas quando agredido por diretores do Palmeiras, sou muito grato a cada um dos jornalistas presentes no momento, mas apenas um me procurou para entender o que tinha acontecido, o que eu tinha escrito no Twitter. Não fui correto ao escrever o que escrevi, assim como não acho correto que meus "tweets" fossem expostos pela assessoria do Palmeiras, totalmente fora do contexto.

Desculpo-me novamente pelo que compete a mim e minhas ações, que assumo e reafirmo que foram mau interpretadas. Publiquei no twitter algo que me pareceu irônico (jogo do Corinthians dentro da sala de imprensa do Palmeiras), pela rivalidade que há entre os dois times e errei ao ironizar este fato ainda mais remetendo ao fato de que todos os jornalistas eram impedidos de acompanhar a votação, limitados ao espaço pequeno da sala de imprensa, apesar do sofá, ar condicionado e máquina de café, assim como os animais trancados pelo proprietário da Granja Solar, no início do livro, que leva ao estopim em "A Revolução dos Bichos".

Em momento algum tive a intenção de desrespeitar nenhum palmeirense, seja ele dirigente ou torcedor; tenho familiares e grandes amigos palmeirenses que nunca ofendi pelo fato de torcerem para este ou aquele clube de futebol, assim como diversas vezes saí de minha casa para acompanhar amigos na comemoração de títulos conquistados por seus clubes. Minhas palavras não teriam tido o alarde que tiveram se eu não estivesse no local, se eu não tivesse me apresentado. Poderia ter simplesmente fingido que nada estava acontecendo, mas me apresentei e tentei explicar para aqueles que não queriam ouvir.

Finalizo lamentando, meus atos, os atos que consequentemente provocaram, e também pelo mau entendido, pela má interpretação de minhas palavras em uma rede social. Minhas atitudes não podem ser justificadas nem por mim nem pelo livro. Uma última vez lamento; peço desculpas aos que tenham se sentido ofendidos.

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