O inglês Nigel Mansell pode ter sido campeão mundial e um dos grandes nomes da fase de ouro da Fórmula 1, mas será para sempre lembrado como um piloto trapalhão. Não foram poucas as vezes que o bigodudo meteu os pés pelas mãos, e o conjunto da obra o levou ao alto do pódio do folclore da categoria.

A cena aí de cima foi apenas a cereja do bolo de um fim de semana cheio de fatos estranhos e trapalhadas. Trata-se do Grande Prêmio da Áustria de 1987, uma corrida que teve três largadas, as duas primeiras interrompidas por uma sequência de batidas que bloqueou a pista.

O fim de semana já tinha começado esquisito porque durante uma sessão de treinos livres, um dos pilotos atropelou um filhote de veado que tentava atravessar a pista, assustado pelo ronco dos motores (o piloto saiu ileso, mas o animal morreu na hora).

Também nos treinos, Ayrton Senna perdeu um tempo precioso nos boxes porque atropelou um rato e sua equipe precisou tirar os restos do animal da engrenagem de sua Lotus-Honda.

Mas voltemos a Mansell. Conhecido por suas trapalhadas, o inglês tinha entrado naquela corrida a base de analgésicos graças à extração de um dente siso feita na semana do GP. Apesar disso, ele conseguiu se livrar de todos os acidentes na pista e vencer sua quarta prova na temporada, diminuindo a distância para o líder Piquet, o segundo na Áustria.

Depois das comemorações nos boxes, Mansell se empolgou e levantou na traseira do carro que levava os pilotos ao pódio. Ele não viu uma pequena ponte de concreto na altura de sua cabeça e… BUM.

De acordo com o jornalista Lemyr Martins, veterano na cobertura da Fórmula 1, Mansell pegou seis pontos na testa, além dos nove por vencer a corrida.

"O Piquet percebeu que Mansell poderia bater a cabeça e não fez questão de avisar. Eram inimigos na época", disse o comentarista Reginaldo Leme, que cobria a corrida para a TV Globo.

Fernando Vanucci não perdoou Mansell, como você pode atestar nas gozações que ele faz no vídeo acima. Outros tempos!

Veja outros dois momentos em que Mansell construiu sua fama de trapalhão.

Foi empurrar o próprio carro e… desmaiou!

Em 1984, no GP dos Estados Unidos, Mansell protagonizou uma cena mezzo heroica mezzo pastelão. Ele tinha sido o pole position na corrida, mas acabou caindo para a sexta posição. Na última curva, seu carro parou, sem gasolina.

O inglês não pensou duas vezes: desceu do carro e começou a empurrá-lo. Mas o calor do verão americano acertou o piloto em cheio e ele caiu desmaiado ao lado do carro. Acabou saindo carregado da pista, mas não sofreu nada mais grave.

Comemorou antes da hora e… ficou na mão!
No GP do Canadá de 1991, Mansell era o líder com 50 segundos de vantagem para o segundo colocado, seu grande rival Nelson Piquet. Confiante, o inglês abriu a última volta com os braços levantados, acenando para a torcida.

Mas, a poucas voltas do fim, o incrível aconteceu: o motor da Williams morreu e Mansell se desesperou. Enquanto ele dava socos no volante, Piquet acelerava para uma vitória bastante improvável.

Muito se especulou sobre o motivo da pane no carro de Mansell. Muitos dizem que o piloto teria esbarrado onde não devia enquanto comemorava antes da hora. Outras afirmam que a equipe previu pela telemetria que o carro morreria se o motor girasse muito baixo e começou a gritar com Mansell para que ele continuasse acelerando.

O piloto teria confundido os gritos como parte da comemoração pela iminente vitória.

Nigel Mansell, campeão de Fórmula 1 de 1992 (Pascal Rondeau/Getty Images)