Um dos remanescentes da tragédia com o avião da Chapecoense, Rafael Henzel voltou a trabalhar no mesmo dia em que a equipe catarinense iniciou sua reestruturação. Durante o empate em 2 a 2 com o Palmeiras, o narrador foi a voz da Rádio Oeste Capital, de Chapecó (SC), e fez uma narração carregada de emoção.

"21 de janeiro, 52 dias da tragédia, aqui na Oeste Capital FM. O torcedor que chorou com a perda, com as fortes imagens daquele sábado, vai ter fortes emoções. Momentos que ficarão para sempre marcado em nossos corações e mentes. Querido e apaixonado torcedor da Chapecoense, hoje é muita emoção, vamos de mãos dadas. Nossa equipe "Clássico" e você que está em sua casa, na estrada, no estádio, lágrimas vão escorrer pelos nossos rostos, mas tenho certeza que será um dia de renascimento, de uma cidade, de um time, de um povo. Uma união que mostrará ao mundo que com fé e perseverança poderemos dar a volta por cima", iniciou a narração Rafael Henzel.

Na sequência, a voz de Henzel embargou pela primeira vez, quando falou sobre o companheiro de rádio Renan Agnolin, uma das vítimas da tragédia em Medellín. "Hoje estamos na cabine onde imperava a alegria, as brincadeiras, as zoações, estamos homenageando nosso colega Agnolin. Ele está lá em cima louco para dizer a frase: 'vamos caprichar mais', que é o que ele sempre nos dizia".

Henzel enlouquece com gol de Grolli

Aos 14 minutos do primeiro tempo, Niltinho cruzou para a área e o zagueiro Douglas Grolli apareceu para empurrar para o fundo das redes. Nesse momento, Henzel foi à loucura na narração.

"Vem aí cobrança de Niltinho. Olha o gol de empate surgindo. Jogou no segundo pau, olha o gol pintou! Goooooooooool. Eu disse!  O Grolli ia fazer o gol! O meu coração transborda de alegria! Eu pedi! Se possível o Grolli, criado aqui, marcasse o primeiro gol do renascimento da Chapecoense. A Chapecoense nos enche de orgulho! Seu coração ressurge com um gol do seu remanescente!".

Antes disso, o Palmeiras havia aberto o placar com Raphael Veiga. O jogador alviverde não comemorou e aplaudiu a torcida da Chapecoense. "Impressionantemente, o torcedor da Chapecoense também aplaude. Incrível! Torcedor também aplaude porque foi oferecido ao torcedor da Chapecoense esse gol", comentou Henzel.

A emoção voltou a aparecer quando Amaral virou o jogo para a Chapecoense. "O meu coração transborda de emoção, torcedor. Uma jogada ensaiada para a cabeçada certeira. Ah, como que eu gosto, como me alegra, como me faz me juntar com todos os torcedores, Amaral. Você faz a alegria da galera".

Quando o empate veio, com um golaço de Vitinho, Henzel quebrou o protocolo de suas narrações. "Eu nunca narro gol do adversário, mas hoje vai. Goooollll. Uma homenagem ao Palmeiras, nosso co-irmão".

Homenagem aos 26 minutos do segundo tempo

Quando o relógio marcou 26 minutos do segundo tempo, ou 71 minutos corridos, a partida foi paralisada para homenagens às 71 vítimas do acidente aéreo. Nesse momento, com o microfone em mãos, Rafael Henzel pedia para que não tivesse um minuto de silêncio, mas um minuto de "vamos, vamos, Chape".

"Todo mundo gritando para quem está lá, no céu. Não acho que tem que ter um minuto de silêncio, tem que tacar o 'vamos, vamos, Chape', para lá no céu, nossos guerreiros, estejam escutando", afirmou.

"Grite, torcedor, arrepie-se, emocione-se. É uma homenagem para os que se foram. Um time modesto, que chegou ao topo da América. O ano está começando e nossos guerreiros estarão conosco o resto da temporada".

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