Lucas Pastore
Do UOL, em São Paulo

Único filho de Zico que não tentou a sorte no futebol profissional, Bruno Coimbra será protagonista da volta da Só no Sapatinho, banda de pagode que explodiu em 1998 ao lançar música com o mesmo nome que foi até parar em novela da Globo. Vinte anos depois, o conjunto já se planeja para embarcar na onda de outros artistas do gênero que fizeram sucesso na década de 1990 e estão retornando aos holofotes.

Assim como os irmãos Júnior e Thiago, Bruno pensou em seguir os passos do pai e ser jogador de futebol. Atuou até os 18 anos de idade, quando começou a investir na carreira musical. A tendência se reforçou dois anos mais tarde, com o lançamento do sucesso Só no Sapatinho.

Em 1998, a banda rapidamente atingiu o topo das paradas com a música, que virou tema na novela Torre de Babel na Globo. Mas a inexperiência dos integrantes, amadores até pouco tempo atrás, fez com que o sucesso não se prolongasse muito.

"A gente era muito novo. Tocava na noite, lá em Niterói, e de uma hora para a outra resolveu gravar. Foi parar na novela. A gente não tinha estrutura. Eu tinha 19 anos, o mais velho da banda tinha 20. Todo mundo ainda morava com pai e mãe. A gente gostava de se divertir. Tinha a parte musical, mas a gente se divertia muito. Não tinha aquela tara de ter que fazer as coisas. Quando foi para o lado profissional, perdeu um pouco o encanto", disse Bruno, ao UOL Esporte.

O sucesso da banda levou o Só no Sapatinho até à Espanha e ao Japão, países onde o grupo fez shows. Mas, apesar de lançar mais singles e até um segundo CD, nada chegou perto do nível de sucesso da música que levava o nome da banda. Por isso, o grupo de pagode encerrou suas atividades.

"Logo depois, cheguei a gravar um CD sozinho, era uma vontade que eu tinha. Cheguei a lançar no Japão, aproveitando que meu pai estava na seleção. Aqui não rolou muito, e não era a mesma coisa sem os caras, aquela turma", contou.

No período de inatividade, Bruno se tornou presidente do Clube de Futebol do Zico (CFZ), cargo que ocupa até hoje. Mas a veia musical nunca morreu. Prova disso é que, vinte anos depois, a banda se planeja para voltar, inspirada no recente retorno de grupos de pagode como Só Pra Contrariar e Os Travessos, que também fizeram sucesso na década de 1990.

"Agora a gente resolveu, de uns dois anos para cá, que chegou a hora de fazer alguma coisa. A gente ainda é amigo, e começou a onda de gente voltando. Muita gente falando que tinha que voltar, os filhos querendo ver a gente cantando. Tenho muitos contatos no meio, e o pessoal do meio insistiu. Vamos fazer alguma coisa", declarou.

O retorno da banda está previsto para março. Foram gravadas três músicas, uma delas composta por Arlindo Cruz, assim como foi a Só no Sapatinho. A faixa, que se chama Amor, voltei, dialoga com o momento da banda.

"É do Arlindo, que fez a Só no Sapatinho, pouco tempo antes de infelizmente ter os problemas de saúde. Mostra a nossa situação hoje. É um cara que volta para a mulher, e também é o grupo voltando", explicou Bruno.

Claro que a veia esportiva não pode ficar de lado em um filho de Zico. Além da presidência do CFZ, Bruno também cuida do canal do YouTube do pai, que já superou a marca dos 500 mil inscritos.

"A gente achou uma veia do meu pai para a coisa. Sou produtor executivo. Vai ajudar muito na volta do grupo. Hoje, é uma coisa voltada para a nossa época. Naquela época, não tinha redes sociais. Tem uma força grande. Ao mesmo tempo, espero tocar o Zico 10", afirmou.

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