Canoagem no gelo a -25ºC: competição mistura remos e 'tática Flintstones'

Tem barco e remo, mas também é preciso empurrar com os pés. Começou como uma forma de transporte e virou esporte. Assim é a canoagem no gelo, uma modalidade típica do Canadá que proporciona imagens, no mínimo, curiosas. Afinal, não é sempre que, entre as remadas, é preciso imitar a "tática Flintstones".

A referência ao desenho da Idade da Pedra vem dos carros de Fred, Vilma e cia., cujos "motores" eram os pés dos passageiros, responsáveis por empurrar o carro. No "Winter Carnival Ice Canoe Race", maior competição da canoagem no gelo, também é assim.

Os cinco integrantes de cada barco enfrentam duas fases na competição disputada no rio Saint Lawrence: a primeira é vencer toda a neve acumulada onde os barcos "encalham". Alguns tentam usar apenas os remos, mas a forma mais eficiente é colocar os pés para fora e empurrar. Calçados com parafusos na sola são fundamentais.

Assim que alcançam a água em estado líquido do rio, todos viram remadores. Aí a particularidade é outra: além de remar numa temperatura que se aproxima dos -25ºC, é preciso desviar de blocos de gelo que pesam toneladas, enfrentar os fortes ventos e achar trajetos que não estejam congelados.

O Winter Carnival Ice Canoe Race acontece anualmente e reúne 350 atletas divididos em 70 times. O objetivo é cruzar o rio Saint Laurence, que liga o oceano Atlântico aos Grandes Lagos, e retornar ao ponto de partida. A categoria elite masculina faz esse percurso duas vezes.

Há regras para os barcos, como peso mínimo (110 kg) e limite de comprimento (entre 6 e 8,5 metros). Além disso, todos devem ser coloridos, não só para facilitar a identificação dos barcos no engarrafamento que se forma no rio, mas principalmente para localizá-los. Afinal, não faltam neve e gelo.