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Melhor pugilista da história "matou" rival e depois deu dinheiro a sua mãe

UOL Esporte

13/11/2014 12h30

Normalmente quem pensa em boxe identifica em Muhammad Ali a figura mais famosa e midiática que já pisou sobre um ringue. No entanto, quase 100% das listas de respeito apontam Sugar Ray Robinson como o maior pugilista de todos os tempos. Em seus 200 combates, o meio-médio americano apresenta uma coleção de nocautes, números impressionantes, mas também a morte de um adversário para lamentar.

Robinson é o número um de listas top 100 produzidas pela Ring Magazine, ESPN (2007) e pelo cultuado expert de boxe Bert Sugar, entre outras relações. No total, a máquina de bater do Estado da Geórgia venceu 173 combates e mandou para a lona 108 adversários. Mas um desses êxitos o marcou negativamente até o fim de sua vida.

SUGAR RAY SONHOU NA VÉSPERA QUE MATARIA JIMMY DOYLE

O campeão mundial dos meio-médios acordou no dia 24 de junho de 1947 transtornado. Sugar Ray Robinson sonhou que mataria Jimmy Doyle em cima do ringue e, por isso, queria desistir do combate marcado para aquela noite, em Cleveland.

Imediatamente, os organizadores do combate providenciaram a ajuda de um padre, que acabou convencendo Robinson a lutar depois de muita conversa.

Doyle era um desafiante de cartel inconstante, com sete derrotas até ali. Assim, aos 26 anos, no auge de seu vigor atlético, Robinson não encontrou dificuldades em dominar a ação. O campeão teve vantagem em todos os assaltos até o sétimo, com exceção do sexto, quando sofreu dois golpes duros e foi ferido.

A luta acabou no oitavo round, graças a um gancho de esquerda bem colocado por Robinson.  Doyle desabou de costas, com os calcanhares apoiados, como se estivesse preso ao chão por eles. Na queda, o desafiante acabou batendo a cabeça com violência na lona. Em seguida, o juiz Jackie Davis abriu contagem e prosseguiu até dez. O pugilista se apoiou brevemente sobre seus cotovelos, mas acabou apagando de vez.

Atendido, Doyle foi levado imediatamente ao St. Vincent's Charity Hospital, mas morreu horas depois, aos 22 anos. Funcionários da clínica relataram que o pugilista apresentou coágulos de sangue, concussões, em um quadro que acabou com a parada respiratória.

Jimmy Doyle já havia sofrido uma concussão em 11 de março daquele mesmo ano, ao ser nocauteado por Artie Levine em Nova York.

CAMPEÃO CUMPRE DESEJO DE RIVAL MORTO PARA SUA MÃE

Ainda na noite da tragédia, questionado pelo xerife Samuel Gerber se pretendia colocar Doyle em dificuldades, Sugar Ray Robinson rebateu: "senhor, é meu trabalho colocar ele em dificuldades".

Mais tarde Robinson enfrentou investigações sobre o incidente, que consideravam até a possibilidade de processar o campeão pelo homicídio involuntário de Doyle. No entanto, o caso acabou não prosseguindo na Justiça americana.

Neste período, o famoso campeão dos meio-médios acabou sabendo do desejo de Doyle de destinar a bolsa de uma eventual vitória à compra de uma casa para a mãe. Assim, Sugar Ray cedeu o dinheiro de suas quatro lutas seguintes à família do adversário morto. E mais: pagou mensalmente US$ 50 aos parentes de Jimmy, por um período de dez anos.

ROBINSON REVOLUCIONOU O BOXE DENTRO E FORA DO RINGUE

Campeão dos meio-médios e dos médios, Robinson se aposentou com cartel de 200 lutas, com 173 vitórias. Como amador, jamais foi derrotado em 85 combates [69 triunfos no por nocaute, 40 no primeiro assalto].

De 1943 a 1951, Robinson ostentou a sequência de 91 lutas sem derrotas, na terceira maior série da história do boxe. Além disso, Sugar Ray bateu todos os grandes nomes de sua era: Jake LaMotta, Carmen Basilio, Gene Fullmer, Bobo Olson, Henry Armstrong, Rocky Graziano e Kid Gavilan.

Robinson ainda foi a razão para que os especialistas em boxe resolvessem criar os ranking que cruzassem a análise de pugilistas de categorias diferentes, as famosas listas "pound-for-pound".

Especialistas descrevem Robinson como um pugilista dono de um pacote completo. O americano tinha velocidade, boa técnica e originalidade. Era capaz de bater com as duas mãos e ocasionalmente inventava novos golpes ou ângulos.

Carismático e extravagante, Robinson tinha como marca registrada fora dos ringues um chamativo Cadillac rosa. Também é ataibuído ao campeão a inspiração para a criação do termo "entourage" no esporte moderno – em referência ao grupo de amigos e ajudantes que andavam junto com Sugar Ray.

Robinson lutou de 1940 a 1965. Até o final da vida foi reverenciado pelos maiores do boxe, como o próprio Ali, que chamava o ex-campeão de "o rei" e "o mestre". O ídolo dos ringues morreu em abril de 1989, aos 67 anos.

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