7 a 1 foi pouco: maior goleada da história das Copas faz aniversário

Fim de jogo no Estadio de Nuevo Elche, na Espanha: resultado histórico na Copa de 1982 (Reprodução/Youtube)

A derrota de 7 a 1 para a Alemanha foi tão marcante que às vezes parece que ainda não acabou. Mas o resultado não está nem entre as 10 maiores goleadas da história das Copas do Mundo. O recorde pertence à Hungria, que há exatos 34 anos vencia El Salvador por 10 a 1 no Mundial da Espanha.

No dia 15 de junho de 1982, as 23 mil pessoas que compareceram ao Estadio de Nuevo Elche não tinham ideia de que presenciariam um jogo histórico. Além da maior goleada das Copas, a partida consagrou o húngaro Laszlo Kiss, o primeiro e único jogador que saiu do banco para fazer três gols em um Mundial, e em tempo recorde: apenas sete minutos.

Laszlo Kiss saiu do banco para fazer três gols em apenas sete minutos: um recorde (Reprodução/Youtube)

Entre os fatores que podem explicar o resultado, um deles lembra o 7 a 1 sofrido pela seleção brasileira em 2014: o técnico de El Salvador não quis saber de respeitar o adversário e simplesmente mandou o time para o ataque. O time até criou suas chances e conseguiu chegar ao gol. Mas deixou o goleiro Luis Guevara Mora na mão.

El Salvador era um país dizimado pela guerra civil e que tinha conseguido uma classificação heroica para a Copa do Mundo. "Quando jogamos nas Eliminatórias, fizemos cessar as matanças de ambas as facções", relembrou à revista Four Four Two o ex-jogador salvadorenho Mauricio Alfaro, que ficou no banco durante a goleada.

Atacante de El Salvador tenta finalizar no jogo que seu time foi goleado sem piedade pela Hungria por 10 a 1 (EFE)

A comissão técnica da seleção de El Salvador, no entanto, refletia o caos que tomava conta do país. A confederação decidiu levar apenas 20 jogadores para a Espanha, sendo que dois deles nem eram jogadores, mas dirigentes que não compareceram a uma partida sequer. Foram à Europa passar férias.

Enquanto isso, os jogadores não tinham nem bolas para treinar, pois tiveram o equipamento roubado e precisaram pedir emprestado justamente para os húngaros. Eles chegaram à Espanha apenas três dias antes da estreia, depois de uma viagem que durou 72 horas, e fizeram só um treino antes de enfrentar a Hungria. O desastre, portanto, estava anunciado.

Húngaros comemoram um dos gols na vitória contra a seleção de El Salvador, que já chegou à Copa fragilizada (AP Photo)

A goleada histórica ao menos serviu para unir o elenco de El Salvador, que fez exibições dignas nos jogos seguintes: derrotas para a Bélgica por 1 a 0 e para a Argentina por 2 a 0. A Hungria, por sua vez, nem chegou a passar para a segunda fase. Voltaria a disputar uma Copa quatro anos depois, no México. E seria a última participação dos húngaros em uma grande competição até a classificação para a Eurocopa deste ano. E eles voltaram com tudo: logo na estreia, conseguiram uma surpreendente vitória sobre a Áustria por 2 a 0.