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Aos 14 anos, Brasfoot ainda existe e tem até 'solução' para Neymar x Cavani

UOL Esporte

02/10/2017 04h00

Sabemos como funciona: novas tecnologias surgem, o mundo gira e tudo o que é antigo tende a rodar junto com o planeta. Mas há um nicho de resistência saudosista entre os jogos de futebol da década passada: 14 anos depois de sua primeira versão, o brasileiro "Brasfoot" ainda existe e coleciona fãs pelo país.

Simulador de campeonatos, o game foi muito popular no Brasil entre 2003 e 2010, mas seu modelo de jogo simplificado ainda encontra adeptos até hoje. Uma vez iniciada a campanha, é possível escolher qual time irá defender e disputar alguma das diversas ligas existentes na vida real. Ou seja, é possível assumir seu clube favorito no Brasileirão e fazer contratações (ou não!) para tentar levá-lo à Libertadores e ao Mundial.

A descrição parece a do "Football Manager", mas "Brasfoot" tem a vantagem de ser leve (funciona em qualquer computador com Windows) e o preço: enquanto o "FM" não é comercializado no Brasil e é vendido por aproximadamente R$ 150 nos sites estrangeiros, o jogo brasileiro pede só uma contribuição voluntária de R$ 12,90. Mas é possível jogar legalmente sem pagar nada.

"O objetivo com o jogo nunca foi o lucro", explicou o historiador mineiro Emmanuel dos Santos, 39, que programa sozinho o jogo desde a primeira versão – apesar de só ter estudado programação no ensino médio. "Sabemos que existe pirataria. Apenas uma minoria paga pelo registro, já que não é difícil encontrar os códigos na internet", comentou ao UOL Esporte.

A ideia inicial era produzir uma versão nacional do "Elifoot", jogo criado em Portugal e que também tinha como característica apresentar uma opção leve e simplificada de um simulador de futebol – são games rudimentares e quase pré-históricos, se comparados aos modernos e complexos "Football Manager" e "Championship Manager".

"Não havia nenhum jogo que não fosse tão limitado como o "Elifoot", que só tinha ligas de 10 times, ou pesado e detalhista como o "Championship Manager". Um jogo que fosse divertido e rápido, mas que também tivesse alguma complexidade e relação com a cultura brasileira", disse Emmanuel.

(foto: reprodução/Brasfoot)

Futebol contra a parede

Emmanuel costuma receber feedback e sugestões do público através de fóruns na internet. "Muitos contribuem com ideias, criação de times e gráficos", explicou. "O 'Brasfoot' 2017 trouxe novas competições, como as Eliminatórias para a Copa do Mundo", ressaltou.

Jogador assíduo de "Brasfoot" desde a edição 2005, Jonathan Albuquerque, de 22 anos, dedica seu tempo livre à criação de times e ligas fantasiosas – com campeonatos entre personagens de desenhos animados. Competições que geram curiosos duelos entre Pica-Pau x Garfield, Ben 10 x Super Campeões ou Pokémon x Dragon Ball Z.

"É como criar times de países como o Butão. Também não dá para saber a característica do jogador, se chuta ou marca bem", disse Jonathan. "O 'Brasfoot' explora algo que eu já fazia desde pequeno, que é uma espécie de 'futebol solitário'. É a chance de praticar sozinho o futebol, até mesmo inventando clubes, jogadores, ligas imaginárias… Praticar futebol contra a parede, mas com dados e com o que mais pudesse ser feito", explicou Jonathan, que é estudante de pedagogia.

Essa liberdade criativa é totalmente incentivada por Emmanuel. "O 'Brasfoot' tem um sistema de banco de dados aberto, então os times e jogadores são criados pelos próprios usuários. Isso ajudou bastante na popularização do jogo, uma vez que permite a completa personalização. As escolhas e preferências dos times não dependem de quem criou o sistema", respondeu o mineiro.

No entanto, Emmanuel destaca que proporcionar bons momentos em grupo sempre foi prioridade no jogo. "A nossa ideia era que o jogo servisse como um espaço de sociabilidade presencial. Temos, ao longo desses anos, inúmeros relatos de gente que se reunia para jogar no modo de múltiplos técnicos", afirmou o historiador. Até hoje, há quem dispute campeonatos com os amigos nos fins de semana.

(foto: reprodução/Brasfoot)

Uma solução para Neymar x Cavani

Ana Carolina Silva
Do UOL, em São Paulo

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