5 motivos para time da Red Bull ser o time mais odiado da Alemanha
"Queremos nosso trono de volta: o clube mais odiado da Alemanha", diziam as faixas da torcida do Hoffenheim na estreia do recém-promovido RB Leipzig na elite alemã, em 2016. Financiado pela empresa de tecnologia SAP, o Hoffenheim estava acostumado com o desprezo dos rivais por ter alcançado o primeiro escalão graças ao apoio de um milionário. Mas o RB Leipzig foi muito além, e despertou um ódio sem precedentes na Alemanha.
A torcida do Dynamo Dresden, por exemplo, não teve o mesmo bom humor que a do Hoffenheim na hora de protestar. Na Copa da Alemanha de 2016, eles atiraram uma cabeça de touro no gramado, em cena digna de filme de terror.
Clara referência à Red Bull, marca que não apenas patrocina o RB Leipzig, como empresta suas cores ao time e despeja dinheiro em seus cofres. Mas não deveria ser normal esse tipo de parceria entre clube e empresa? Por que eles são tão odiados, então? Alguns motivos ajudam a entender:
1. Sem escudo
É tradição na Europa vender echarpes personalizadas dos jogos, com os escudos dos times que vão se enfrentar. Mas o Borussia Dortmund negou a autorização do uso de sua marca junto com a do RB Leipzig e fez o mesmo antes do confronto contra o Red Bull Salzburg pela Liga Europa. "Não queremos que um logo promocional seja visto ao lado do nosso", justificou o diretor de marketing do Dortmund, Carsten Cramer. Para ele, o escudo do RB Leipzig é um anúncio da Red Bull, com direito aos dois touros que caracterizam a marca.
2. Dribla as regras
A federação alemã não permite que os clubes sejam batizados com o nome dos patrocinadores, mas a Red Bull deu um jeitinho. O "RB" do Leipzig não significa Red Bull, apesar da inevitável lembrança. Para se adaptar às regras, o clube foi fundado sob o nome RasenBallsport Leipzig. A expressão "rasenballsport" significa "esporte com bola na grama", em tradução livre. Mas quase nunca é usada pelo marketing do time, que prefere a sigla "RB" ou então o apelido "The Red Bulls". Mesmo assim, eles conseguiram convencer a federação. Mas não os times rivais.
3. Barra a entrada de sócios
Além do nome, há outras controvérsias em relação às leis locais. Na Alemanha, empresas e patrocinadores não podem controlar os clubes. Ou seja, pelo menos 51% das ações devem pertencer aos sócios – exceção feita às parcerias com mais de 20 anos, como a Volkswagen no Wolfsburg ou a Bayer no Leverkusen. No papel, a Red Bull cumpre esta regra, sendo dona de 49% das ações. Mas o clube tem apenas 17 sócios votantes, todos pertencentes ao quadro da empresa. E quem quiser se associar precisa pagar mil euros por ano, sem direito a voto. No Dortmund, por exemplo, ser sócio custa 62 euros por ano, e o clube tem quase 150 mil torcedores que participam das decisões do clube.
4. Ascensão meteórica
O ódio contra o RB Leipzig era ainda maior nas divisões inferiores da Alemanha, afinal, a diferença de investimento era muito maior. O time começou na quinta divisão, depois que a Red Bull comprou o SSV Markranstädt, em 2009. O objetivo era chegar à primeira divisão em menos de uma década. Sete anos depois, eles não só chegaram à Bundesliga como disputaram o título com o poderoso Bayern de Munique. Tudo isso graças aos 183 milhões de euros (R$ 735 milhões) investidos em contratações desde sua fundação, fora os jogadores que eles conseguiram de graça. Claro que os adversários não gostaram nem um pouco disso.
5. Time-propaganda
Os apoiadores do RB Leipzig chamam os rivais de hipócritas, pois os outros clubes também movimentam rios de dinheiro. Mas outra coisa que irrita os oponentes é o fato de que o time serve como propaganda gratuita para a Red Bull nas principais competições de futebol da Europa. "Claro que o Dortmund faz dinheiro, mas nós fazemos isso para jogar futebol. O Leipzig joga futebol para vender um produto e um estilo de vida", acusou o líder de torcida Jan-Henrik Gruszecki em entrevista ao Guardian.
Motivos para não odiar
Apesar de tudo isso, também há razões para prestar atenção no bom uso que eles fazem do dinheiro – o que também explica boa parte de seu sucesso. Sim, o clube investiu pesado, mas segue um plano metódico e sustentável de longo prazo, que envolve estrutura de treinamento e desenvolvimento de novos talentos. Eles têm uma política de contratar apenas jogadores na faixa entre 18 e 24 anos, dentro de um teto salarial. Os jovens atletas que chegam ao clube sabem que vão ganhar oportunidades e ainda têm direito a moradia, ensino e lazer no complexo de treinamento. E o resultado tem aparecido em campo. Mas até quando? Será esse modelo o futuro do futebol ou uma afronta às tradições do esporte?
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