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De 'paitrocínio' a quarentena, lutadora supera desafios para ir ao Rio-2016

UOL Esporte

21/11/2013 06h00


A busca por uma vaga na Olimpíada de 2016, grande sonho de boa parte dos atletas brasileiros, é cheia de desafios no âmbito esportivo. E não só nele. Fora dos campos, tatames e ginásios, obstáculos inesperados também acontecem. A lutadora Raphaella Galacho, de apenas 23 anos, já sentiu isso na pele. Da necessidade de um "paitrocínio" para treinar a visto negado e até uma quarentena por conta da gripe suína, ela amadureceu com experiências enquanto busca sua vaga olímpica no taekwondo.

No caso mais estranho por qual passou, nos Jogos da Lusofonia de 2009, em Portugal, Raphaella quase foi impedida de competir porque na época o medo de um surto de gripe suína (também conhecida como influenza H1N1 ou gripe A) era grande. A atleta, que hoje também é militar e representa o Exército, chegou a ficar em quarentena dentro do ginásio onde ia competir.

"Eu e uma amiga íamos lutar e fomos colocadas em separado das restantes no banheiro do ginásio. Veio um médico tirar nossa temperatura, mas como estávamos em pleno aquecimento, deu elevada. Não queriam que a gente lutasse, deram remédio, mas no final fomos liberadas. Foi engraçado", diverte-se ela, passado o apuro.

O périplo de Raphaella em diversas situações contrasta com suas atuais condições, em que o Bolsa Atleta, patrocínio pessoal e a patente de oficial do Exército dão conforto para que ela treine e se dedique integralmente ao taekwondo e treine com mais tranquilidade.

Curiosamente, Raphaella já começou no taekwondo por um problema que nada tinha relação com esporte. Sua mãe percebeu que suas roupas pareciam tortas em seu corpo. Foi constatada então uma escoliose. Ela já havia feito vôlei, natação, handebol, e o taekwondo foi recomendado por conta dos alongamentos, que ajudariam a resolver o problema de coluna.

"Eu nem gostava muito, fiquei um ano treinando meio arrastada. Foi quando eu fiz meu primeiro campeonato que eu comecei a tomar gosto e fiquei", conta ela. "No começo tinha poucas lutas, ganhava muito por WO. Não era muito fácil, lembro que em um brasileiro infantil ainda tomei um couro, perdi feio."

Apesar da surra, ela manteve o interesse e com apoio da família cresceu aos poucos na luta. Raphaella começou a treinar em 2001 e calcula que por seis anos apenas os pais financiaram o sonho, até que ela tivesse chance de ganhar o Bolsa Atleta. O 'paitrocínio' não a salvava de correr atrás de dinheiro.

Quando ela conseguiu vaga para sua primeira competição internacional, para disputar o Pan-Americano Junior, seu visto de entrada dos Estados Unidos foi negado duas vezes. A liberação só aconteceu no dia da viagem, gerando uma enorme correria.

Apesar de ter vencido tantas vezes, Raphaella sabe que a batalha está só no começo em busca da Olimpíada. Ela sabe que precisa evoluir desde já para evitar o risco de ficar fora do Rio-2016.

"Faltam dois anos, parece que é muito, mas não é. Cada ano tem que ser bom, senão nem classificar, classifica. A concorrência é muito forte, logo estamos em 2016. Este é meu sonho, ir aos meus primeiros Jogos Olímpicos em casa", concluiu.


Maurício Dehò
Do UOL, em São Paulo

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